sexta-feira, 5 de março de 2010

Quando a lei do mais forte se torna a atitude dos fracos


Anteriormente confinado aos muros da escola, os últimos acontecimentos em Mirandela trouxeram para as machetes dos jornais e para os debates de opinião pública o tema da violência escolar.

Todos reconhecem a sua existência, mas afinal parece que pouco se faz para responsabilizar os culpados e diminuir os casos de bullying. É a todos os níveis lamentável que toda esta celeuma tenha sido despoletada por uma situação limite de um adolescente que não encontrou outros meios para enfrentar o que lhe estava a acontecer. Mais lamentável, eu diria mesmo caricata, é a atitude da associação de pais da escola que veio prontamente sacudir a água do capote arredando-se de responsabilidades que um afoito grupo de pais de alunos queixosos se apressou a imputar-lhe.

Mas afinal onde começam e onde terminam as ditas fronteiras que delimitam a intervernção no âmbito escolar? Qual é a responsabilidade do Conselho Executivo da escola neste caso em particular e em tantos outros que todos conhecem mas ninguém denuncia? E os professores que sinalizaram [ou talvez não] o aluno? E os pais que apresentam queixas relativas a maus tratos na escola mas mais não fazem [ou talvez não saibam como fazer mais alguma coisa]?

Parece-me louvável o esforço de tornar mais visível a acção de pais e encarregados de educação junto do percurso escolar dos alunos, responsabilizando-os, fazendo-os conhecedores e agentes activos em todo este processo. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer para que este binómio dos alunos que agridem e dos que são vítimas de agressão deixe de ser o reflexo daquilo que todos os dias nos entra dentro de casa nos noticiários e nos passa diante dos olhos em vários quadrantes da sociedade sempre que a lei do mais forte é imposta aos mais fracos.


[Saber quem é o mais forte e quem é o mais fraco nesta história é assunto para outra conversa.]

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