segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pré-campanha, campanha, pós-campanha


Enerva-me esta maneira pequenina de fazer aquilo a que vulgarmente se designa por "campanha eleitoral". Estou como um anónimo cidadão que hoje, num dos noticiários da noite, se questionava sobre a pertinência de tamanha algazarra pelas rua da sua cidade defendendo que aquele ruído não esclarece [e muito menos convence] os eleitores sobre as opções de voto.
Eu, esse senhor e uns bons punhados de gente gostariamos muito mais de ver os senhores políticos a dar o exemplo e a ir trabalhar.
Se assim fosse deixaria de me enervar o facto de por aí andarem em almoçaradas e jantaradas enquanto eu estou a trabalhar muitas vezes sem pausa para almoçar. Também não me causaria tanto incómodo ver que esses majestosos repastos são intervalados por um beijinho aqui, um pézinho de dança ali, dois ou três dedos de prosa mais adiante e bandeiras, panfletos, canetas ou qualquer outro tipo de brindes - desde que sejam mais leves do que micro-ondas. Isto claro enquanto outros trabalham. Pelo meio, e como Maio se pôs assim travesso, sua-se a camisa para dar mais impacto na hora do discurso inflamado. À noitinha finge-se um cenário de igual para igual e, sentadinhos na relva, revelam à senhora jornalista o seu lado manso. Diz que sim trabalharam muito em prol de todos, mas falta ainda passar em casa da mamã para um beijinho, a benção e uma boa noite.
Também me custa a perceber o que move as pessoas a assistir e a participar em tudo isto. Já agora, se não for abuso, podiam também explicar-me como é que se faz para gerir uma vida, trabalhar e ainda sobrar tempo para desfraldar bandeiras de partidos políticos ao mesmo tempo que se trata da reforma antecipada das cordas vocais. Se calhar sou eu que não percebo nada disto e amanhã vamos todos trabalhar muito outra vez.

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